oi… tem alguém aí?
se você tivesse que escolher entre poder viajar cada vez para um lugar diferente ou ir sempre para um mesmo destino, o que iria preferir?
talvez a resposta mais óbvia seria a da primeira opção, pois diferentes lugares nos dariam a oportunidade de entrar em contato com culturas diversas, novos sabores, experiências únicas. em um momento escalar uma montanha, em outro observar obras clássicas em um museu, mais adiante se banhar em geladas cachoeiras, depois meditar com hindus, mais à frente subir até o último andar do prédio mais alto do mundo.
talvez, para viver experiências tão diversas quanto as que eu citei acima, seja mesmo necessário escolher um destino a cada vez que tirarmos uns dias de folga. mas a opção de ir sempre para um mesmo lugar talvez não seja tão monótono quanto podemos imaginar.
uma pessoa que eu conheço, sempre que tem oportunidade (tempo+dinheiro), viaja para o mesmo país. não é um lugar barato de ir, então algumas pessoas podem estranhar ou até julgar o fato dela sempre gastar dinheiro para ir a um lugar que já foi antes, ao invés de usar esse recurso para diversificar suas experiências. mas eu comecei a achar linda essa ideia de revisitar lugares - da mesma forma que volto a livros que já li, séries e filmes que já assisti. tem algo de familiar que nos conforta. e há, também, sempre mais a ser descoberto em lugares e obras pelos quais já estivemos.
há relato de que o filósofo Heráclito uma vez disse algo como “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.
o olhar quando viajamos pela primeira vez para um lugar é de alguém extasiado com o novo. mas na segunda, terceira ou décima vez, teremos na bagagem experiências, dores e conquistas que não tínhamos nas visitas anteriores. teremos, talvez, o tempo e a energia para o que não é óbvio. podemos gastar tempo de viagem com o que é banal, com o que ninguém mais está olhando. observar as pessoas que correm para seus empregos, os pássaros que procuram migalhas nas praças.
me pego imaginando quanta poesia do cotidiano não deixei passar em viagens nas quais busquei o espetacular em atrações artificialmente elaboradas.
vale à pena me banhar nesses rios novamente?
até a próxima,
Carol
Nem viajei tanto, então ainda não tive muita oportunidade de voltar. Mas quero muito. Tive a sorte de me apaixonar um pouco por cada lugar que fui. Certamente o retorno trará um gostinho diferente. Só me faltam as férias e o dinheiro agora rs
Amei!! Concretamente, meu eterno dilema com a Ilha Grande. Mas como é bom viajar sem ter que pesquisar o que fazer, onde ficar e toda essa prévia cheia de expectativas e dilemas. E se maravilhar cada vez com as mesmas paisagens, ritmos e lugares.
Mas mais subjetivamente, o quanto disso não cabe na vida na cotidiana, né? O quanto pode nos ensinara ver beleza em dormir todo dia ao lado da mesma pessoa, banhar a mesma criança, lavar a mesma pilha de louça (não, pera, aí já é demais querer achar beleza nisso! hehehe). Mas sério, o quanto dessa vontade de ficar em casa, no aconchego do conhecido e das/os nossas/os não tem dessa mesma pegada, né?