oi… tem alguém aí?
neste exato momento, uso uma das mãos para digitar este texto e a outra para manter agarrados os últimos fios que restam de 2022. são entregas de trabalho que não sabem que existe copa (em dezembro?), natal ou uma energia limitada em nosso corpo que só aguenta mesmo doze meses por vez. é a tomografia que preciso buscar na clínica, levar na dentista e descobrir qual a quantidade da fortuna que terei que gastar em um canal de dente. é o último dia de estágio na escola que me fez ficar apaixonada pela educação infantil e querer redirecionar minha carreira para ser professora dos pequenos. é a minha nova vida como motorista, que ainda não engrenou completamente, porque ainda não sinto segurança de sair sozinha com o carro, nem mesmo para os caminhos mais conhecidos. em um dos finos fios que restam, li um dos melhores livros do ano - aos prantos no mercado. e quem, neste ano, não ficou quase ao ponto de estar aos prantos no mercado com os preços dos alimentos? enquanto uso as últimas páginas de um planner e já incluo informações importantes no novo, sigo planejando e projetando um futuro próximo sem ter terminado o presente que já vai se tornando passado.
aos que já cortaram as últimas amarras com este ano e aos que ainda machucam os dedos com as finas linhas de 2022, deixo um poema que li recentemente, da angélica freitas, no livro rilke shake:
o quanto você quer, me diga, com frio na barriga,
proclamar norte onde seu nariz aponte, se livrar do
que não interessa, com força, abrir a cabeça, meter pés
pelas mãos, com pressa, não importa, sentar no escombro
ombro a ombro com a obra, me diga me diga, com frio
na barriga, quanto tempo perdido, quantos reais no bolso,
quantos livros não lidos, quantos minutos de espera,
quantos dentes cariados, me diga o quanto você quer isso tudo
e para onde quer que envie, se você quer que embrulhe
até a próxima,
Carol
Haaaa que edição mais linda. Obrigada por isso Carol!!!
nossa, carol, agora você me fez chorar