queremos viver confiantes no futuro
por isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão
oi… tem alguém aí?
já tem uns 40 dias que eu não escrevo por aqui, mas se me dissessem que passaram 40 semanas ou 40 meses, eu também acreditaria. não deixei de escrever por falta de assunto. muito pelo contrário. a vida tá em excesso.
nas últimas semanas uma amiga de infância (que eu considero irmã e nossas filhas se chamam de primas) começou um tratamento para um câncer, o que envolve quimioterapia e mais um monte de drogas que fazem o corpo dela dar uma reviravolta. a questão dela é no sistema linfático, assim como parece que são as complicações com o meu cachorro. ele ficou internado com uma infecção bem séria, agora tá em casa, tomando uma diversidade grande de remédios, ração especial e esperando ver o que mais dá pra fazer.
num nível, digamos assim, mais global, acho que todos estão por dentro das antigas novidades: guerra, crise climática, a humanidade se perguntando todos os dias “é hoje que seremos extintos”? não sei, não tem como saber. então seguimos nos preocupando com um prazo impossível de trabalho, nos estressando com o trânsito caótico, fotografando o pôr-do-sol e marcando brunch aos domingos porque ninguém mais tem energia para programas depois das 19h.
queremos viver confiantes no futuro.
no dia 26 de setembro, uma sexta-feira em que eu tinha a certeza de que esse futuro não chegaria porque o sol consumiria nossa existência, mandei mensagem para a cabelereira implorando para ela me atender. consegui um encaixe e cortei o cabelo curtinho. pronto, pelo menos a questão das mudanças climáticas está resolvida. no dia seguinte caiu uns 15 graus. ok, ainda bem que eu fico bem de cabelo curto.
o difícil de ficar confiante no futuro é que, como Gil já previu, pra isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão.
e fechar todas as redes sociais. definitivamente isso ajudaria a ter confiança no futuro.
da minha parte, além de cortar o cabelo no impulso, tenho tentado me agarrar às mais aleatórias pequenas alegrias da vida adulta.
em setembro eu ganhei um ingresso para ver o show do Gilberto Gil com a família dele aqui em São Paulo. foi um dos melhores shows da minha vida, me emocionei muito. aqui em casa estamos bastante obcecados por eles. Gil já era uma paixão, mas essa franquia que eles estão fazendo com a família toda, uma espécie de passagem de bastão que o Gil está fazendo com os filhos e netos nos pegou em cheio. vemos e revemos a série sem nos cansar. e Francisco Gil conseguiu fazer uma versão de “Deixar você” ainda mais linda do que a do avô, não consigo parar de ouvir.
só cortar o cabelo não resolveu por completo o calor que eu sinto em alguns dias, além disso, sou mãe. o que significa que mantenho o cabelo preso em boa parte do tempo. resolvi testar o tal penteado “wet” (molhado, gente) com gel e risca no meio. adorei e já usei duas vezes. me sinto chique e o cabelo não me atrapalha em todas as atividades diárias sem importância diante da crise global em que vivemos.
quando eu tinha uns 12 anos, eu tinha uma amiga no colégio que vinha de família de italianos. tá, em SP muita gente tem descentes italianos. mas, no caso dela, era uma coisa bem tradicional, todo mundo falava italiano, tinha umas palavras em italiano que usava no meio da frase…. e tinham as receitas italianas da família. uma delas, que não esqueço, era de salame doce. eu nunca tinha ouvido falar disso antes dessa minha amiga me dar para provar e também não tinha visto mais essa sobremesa ao longo de todos esses anos. até que, esses dias, li em alguma newsletter, que o salame doce tá na moda, ou “Chocolate Salami May Just Be Our Favorite Plant-Based Meat”. em tempos de tiktok, em que as tendências duram 3 minutos, talvez eu esteja atrasada nessa. mas fiquei feliz de recuperar essa memória e certamente vou fazer um salame doce qualquer dia desses.
já tem várias pessoas falando disso, mas vale à pena mencionar: tô terminando de assistir a série Jury Duty e dei boas risadas. tem uma galera que fez The Office na produção, então pode esperar um humor parecido. a série mostra um júri em que todos são atores, menos Ronald Gladden, um americano médio que acha que realmente está participando de um júri em um tribunal. uma grande pegadinha, cheia de estereótipos, um pouco de improviso e boas sacadas.
eu falei que eram pequenas alegrias aleatórias. mas se não estamos em posição de pedir grandes coisas do futuro, que dirá do presente, não é mesmo?
até a próxima,
Carol
De pequenas em pequenas alegrias, a gente vai vivendo ..