oi… tem alguém aí?
eu já contei por aqui que eu não sou a maior entusiasta de praias. mas tem uma coisa que eu sempre invejei nas cidades litorâneas: a liberdade com que seus habitantes lidam com a forma de se vestir. os shorts são mais curtos, camisetas são opcionais, chinelos são a regra.
na adolescência, eu namorei um menino que morava em Santos e eu me lembro de ter ido visitá-lo uma vez e ficar impressionada com a naturalidade que alguns homens apresentavam em andar pelas ruas apenas de sunga. quer dizer, se fosse só de sunga talvez nem me chamasse tanta atenção. era sunga, meia e tênis. gênios do conforto.
a praia libera a população local de seguir regras dogmáticas que são impostas aos moradores de outros lugares. por exemplo, ao entrar em uma padaria para tomar seu pingado e comer um pão na chapa, um habitante da cidade de São Paulo consideraria um ultraje o uso de um biquíni, saída de praia e nada mais.
mas nós, paulistanos, não estamos de todo desprovidos de áreas nas quais podemos expressar nossa liberdade de estilo. temos os parques! sim, caro leitor, se um dia tentaram te enganar dizendo que a “praia de paulista” é o shopping, esqueça o que ouviu. nosso pé na areia é, na verdade, pé na grama.
apesar de anos de gestões municipais e estaduais neoliberais que buscam privatizar cada centímetro de terra e espaço público, o povo paulistano resiste. temos parques bonitos e acolhedores. tão acolhedores que nos deixam à vontade para estendermos nossas cangas, retirarmos nossas camisetas e simplesmente tomarmos um solzinho no meio da megalópole cinzenta. os mais ousados e corajosos ainda são capazes de tirar também a bermuda e exibir as nádegas em uma belíssima sunga ou biquíni fio dental.
isso acontece em meio a crianças aprendendo a andar de bicicleta, cachorros pegando bolinhas, casais tendo primeiros encontros, amigos se reencontrando depois de anos. a liberdade de estar semi nu em meio a esse caos recreativo é a pura liberdade.
você quer saber se eu já experimentei essa sensação? pois digo com vergonha que não, ainda não. sou paulistana demais e tenho minhas travas com a quase nudez fora do ambiente de praia ou piscina.
mas estou melhorando. hoje em dia, faço exercícios e caminhadas em um pequeno parque aqui perto de casa e, pasme: fico só de shorts e top. um pequeno passo para a mulher, um grande salto para as paulistanas.
até a próxima,
Carol
sem roupa em SP
Caró, que engraçado ler tudo isso. Como nativa de cidade litorânea te digo que temos nossa versão dessa situação: por aqui, a gente cresce escutando que as pessoas em SP é que tem liberdade de vestir o que der na telha, sem ninguém olhar torto na rua. Na verdade, depois de um tempo, entendi que isso é dito, principalmente, para quando temos vontade de usar roupas que não são tão fáceis no nosso clima. Nesse caso, a bota ou coturno na cidade é visto com estranhamento. Hoje um pouco menos, mas ainda existe… Tá vendo? O ser humano é um bicho muito doido mesmo. E eu fiquei imaginando se vocês daí não dizem o mesmo sobre as pessoas de NY, por exemplo… Abraço da terra do frevo pra tu, com ou sem botas.
que delicinha de texto!